Era um senhor muito calado
Bem discreto e ordenado
Aprumado e pueril
Tinha nas costas o passado
económicó-político
Do pré e do pós-abril
Foi ministro das finanças,
administrador de heranças,
sempre sério e bem fardado
com a roupa que o acaso
escolheu para o vestir
Democrata de sucesso
Arrebatou o Congresso
Com um discurso original
Que não fazia comentários
A essa e outra questão
A seu tempo ele diria
O que lhe vai no coração
No meio deste silêncio
Ficava a população
Em sentido descoberto
E a cantar este refrão
Tolo Calado Faz Figura de Avisado
De ministro a primeiro
Governou a tempo inteiro
Sem mostrar inquietação
Foi o líder pioneiro
Da Europa do dinheiro
Embalado em alcatrão
E chegou à Presidência
Com um toque de inocência
Asfixia muito vil
Lentamente lapidante
Dos últimos ares de Abril
Presidente comportado
Líder e chefe de estado
Só sabia responder
Que não fazia comentários
A essa e outra questão
A seu tempo ele diria
O que lhe vai no coração
No meio deste silêncio
Ficava a população
Em sentido descoberto
E a cantar este refrão
Tolo Calado Faz Figura de Avisado
Quando um dia de repente
O País meio doente
Foi pedir-lhe a salvação
E o povo todo na praça
À espera da resposta
Que lhes desse uma ilusão
E chegou o Presidente
Com postura e Altivez
Põe os óculos, abre o livro
E começa o seu discurso a dizer
(...)
credits
from grão,
released November 25, 2011
Música e Letra: Nuno Sanches
Baixo: Tiago Ramos